domingo, 23 de maio de 2010

BAIA DA TRAIÇÃO

Baía da Traição é um municipio brasileiro no estado da Paraiba. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2006 sua população era estimada em 7.314 habitantes. Território tradicional dos índios Potiguara.

História

Potiguaras, os primeiros habitantes

Na época da conquista da Paraíba, os Potiguaras, pertencentes à grande família Tupi-Guarani, habitavam as grandes extensões de terra desde Pernambuco até o Maranhão, constituindo-se na maior e na mais poderosa de todas as tribos existentes no Nordeste, com uma população avaliada em cem mil pessoas.
Eram portadores de elementos culturais e de características físicas semelhantes aos demais aborígines que habitavam o litoral brasileiro, destacando-se pela sua bravura e belicosidade. Não eram traiçoeiros, enfrentavam o inimigo corpo a corpo, e tinham o hábito de esmagar a cabeça daqueles que matavam, só os devorando por vingança, através de rituais, respeitadas algumas formalidades exigidas para o caso.
Eram retratários ás mudanças, sobrevivendo com seus caracteres culturais por maior espaço de tempo do que os Tabajara, também Tupi-Guarani, e habitantes da Paraíba, a partir de 1585. Daí sua falta de adaptação às imposições portuguesas tão contrarias aos seus princípios éticos e morais.

Povoamento

Durante as primeiras décadas do século XVI, o litoral paraibano era muito freqüentado pelos franceses, na sua maioria, a serviço do grande armador Jean Ango, visando o tráfico do pau-brasil.
A Baia da Traição é um dos núcleos de povoamento mais antigo da Paraíba. Começou a ser ocupada pelos normandos, lidarados por Cristóvão Jacques, e ali fundaram uma feitoria visando o comércio do pau-brasil, abundante na região. Também construíram um forte. Eles conseguiram a amizade e a confiança dos Potiguaras, incentivando-os na luta contra os portugueses, vistos pelos silvícolas como um inimigo e invasor de suas terras.
Essa aliança franco-indigena dificultou a ação colonizadora dos portugueses, causando grandes conflitos e, motivando a ida àquela praia de figuras das mais expressivas na história da Paraíba, entre as quais Martim Leitão, João Tavares e Duarte da Silveira. Estes queimaram várias aldeias, destruíram navios franceses e fortificações existentes, nesta cidade, que até hoje abriga uma aldeia em suas terras .

Lutas pela posse da terra

Em 1585, o português Martin Leitão, chegou à Baia com 200 homens e encontrou uma feitoria e um forte, construídos pelos franceses. Houve um intenso combate, onde os portugueses foram os vencedores. Na oportunidade, a fim de marcar sua presença, levantaram uma povoação, a que deram a denominação de Potiguara.

Povoamento

Após a pacificação dos Potiguaras, em 1599, depois de vinte e cinco anos de luta, durante os quais milhares de índios perderam a vida, a Capitania Real de Paraiba entrou em pleno desenvolvimento, efetuando-se a consolidação da conquista.
Na Baia da Traição, deu-se início ao seu povoamento, formado de colonos portugueses e de nativos que se dedicaram às atividades agrícolas e pesqueiras.
Em junho de 1625, uma esquadra holandesa, composta de 34 navios e cerca de 600 soldados e tripulantes, sob o comando do Almirante Edam Boudeyng Hendrikson, desembarcou na Baia da Traição. Os silvícolas que habitavam a região, receberam holandeses amigavelmente, oferecendo-lhes os seus serviços. Os portugueses que residiam na localidade fugiram para as matas, de onde seguiram para a sede da Capitania. Durante a sua permanência naquela praia, os flamengos fizeram varias incursões pelo interior, chegando até Mataraca e Mamanguape. Cientes do ocorrido, tropas de Pernambuco e da Paraíba, comandadas pelo capitão Francisco Coelho de Carvalho, após sucessivos ataques, forçaram a retirada dos holandeses. Os Potiguaras pagaram muito caro pela sua hospitalidade, sendo terrivelmente massacrados, inclusive velhos e crianças. Os que sobreviveram fugiram para a Copaoba e para o Rio Grande do Norte. Alguns conseguiram embarcar na esquadra rumo a Holanda, entre os quais estava o valoroso Pedro Potí, que lá permaneceu cinco anos.
Após a expulsão dos holandeses do Brasil, a povoação entrou em desenvolvimento, tornando-se num dos maiores produtores da Paraíba. Ficaram famosas as redes tapuaramas, tecidos pelas mulheres da localidade, conhecidas no Brasil pela sua beleza e durabilidade.


Emancipação Política

Foi elevada à categoria de Freguesia em 1762, em homenagem a São Miguel. A independência administrativa foi conquistada em 1962, através da Lei 2.748, de 2 de janeiro de 1962. Antes havia sido Distrito de Mamanguape. A instalação oficial do município foi 18 de novembro de 1962.
O curioso é que a Baía da Traição tornou-se município por três vezes. A primeira vez, após o ano de 1762, permanecendo nessa condição até 1840, quando foi extinto e incorporado à Mamanguape pela Lei nº 14, de 12 de setembro de 1840. A segunda vez ocorreu em 1879, pela Lei nº 670 de 6 de março, quando, emancipado, não teve condições para substituir, havendo nova incorporação. O Decreto de 1164, de 15 de novembro de 1938, elevou Baía da Traição à categoria de vila. A terceira emancipação, definitiva. se processou através da Lei nº 2.748, datada de 2 de janeiro de 1962.

Forte da Baía da Traição

Forte da Baía da Traição: antiga peça de artilharia.

Os franceses, visando a exploração do pau-brasil, fundaram uma feitoria na baía da Traição, que funcionou como ponto de convergência de todo o madeiramento abatido naquela região. Para a sua defesa, ergueram um fortim. Estas edificações foram destruídas por Martin Leitão, na época da conquista da Capitania da Paraiba.
Posteriormente, por determinação real, foi instalado um forte no local ainda denominado Forte, sobre o histórico Alto do Tambá, de onde se podia descortinar e defender a barra e a enseada da baía da Traição.
O referido forte foi guarnecido por soldados vindos do Forte de Santa Catarina do Cabedelo e artilhado com peças de ferro, vindas de Portugal, acredita-se que após a sua ocupação pelos Neerlandeses, em 1625.
Nenhum vestígio desta fortificação chegou até nós, a não ser alguns dos antigos canhões, dos quais dois exemplares se encontram na sede municipal.


Geografia

O Município de Baía da Traição está inserido na unidade geoambiental dos Tabuleiros costeiros. Esta unidade acompanha o litoral de todo o nordeste, apresenta altitude média de 50 a 100 metros.

População

Com uma população de 7,966 pessoas e uma área total de 102,364 km², Baía da Traição apresenta uma densidade demográfica 71,5 hab./km².
Segundo dados do recenseamento de 2000, feito pelo IBGE, dos dez municípios brasileiros com maior percentual de população autodeclarada indígena, Baía da Traição figurou em sexta posição, visto que 57,7% de seus habitantes se declararam indígenas.

Clima

O clima é do tipo tropical chuvoso com verão seco. O período chuvoso começa no outono tendo início em fevereiro e término em outubro. A precipitação média anual é de 1.634.2 mm.

Um comentário:

  1. Amo a Baia da Traição. visita meu blog www.conhecabaiadatraicao.blogspot.com

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